Meu sorriso era mais uma linha que insistia em se curvar, mas eu precisava mantê-lo, afinal pra quem estava na empolgação pela tatuagem agora estar com essa cara, não iria enganar ninguém. Levantei depois de uma noite inteira sem dormir, caminhando da cozinha pro quarto, do quarto pro banheiro, entre copos e copos infindáveis de água e consequentemente bexiga cheia. Sentei na cama fitando o relógio acima da cabeceira, 05:45 da manha, suspirei pensando em tomar uma banho, mas senti uma mão me segurando pelo punho.
R- Onde cê vai? (falando com a voz rouca)
A- Tomar um banho, amor.
R- Fica aqui (levantou a cabeço olhando o relógio), tá super cedo, ainda tenho 1 hora pra ficar na cama com vc.
Dei um meio sorriso e voltei me aconchegando nos braços dela. Olhei pro seu rosto, ainda com os olhos fechados, deslisei o indicador por todas as linhas que faziam do rosto dela uma perfeição. Como eu poderia deixar dela? Nossa, escondi meu rosto no pescoço dela me mutilando mentalmente por ter tido esse pensamento. Senti um cheirinho tão gostoso e familiar, fechei os olhos e por alguns segundos vi a Cher na minha mente, desejei que fosse ela ali. Levantei num pulo e sem mais dizer fui pro banheiro. Ainda escutei ela me chamar, mas era muita coisa pra mim, não podia ficar pensando na Cher, não perto da Rafa. Tomei meu banho e fiquei o resto da manha fugindo dos meus pensamentos em frente a tv, minha folga tava sendo um terror.
Eu não podia, mas eu queria. Vesti uma roupa o mais rápido possível, catei minha bolsa e sai com o telefone em mãos ... chamando um táxi. Fui o caminho todo olhando a porra do cartão dela. Mordi o lábio descendo e nem me preocupando com o troco. Sentei no banco do outro lado da rua acendendo meu cigarro e olhando pra cima, como se esperasse que minha Rapunzel joga-se suas tranças. Senti alguém sentando ao meu lado e olhei me assustando.
C- Bonito o prédio né? Alias boa tarde.
Eu to fodida, agora o que eu digo? Não tem como inventar desculpa, eu estava aqui por ela e tava na cara que ela sabia disso. Filha da puta.
A- Boo...oaa tarde. (voltei os olhos pro prédio) É sim.
C- Me oferece um? (indicando o cigarro com a cabeça) Deixei a carteira la em cima.
A- Cla...aaaaro. (sorrindo) Você tava correndo? (entregando o cigarro a ela)
C- Sim, eu corro nesse horário, e você que faz aqui? Alias nem sabia que você fumava.
A- Eu ... eu ... tava andando, minha folga hoje. Eu fumo tem uns 4 anos.
Me olhou com um sorriso inconfundível, o mesmo que me deu após a nossa primeira vez enquanto me acalmava psicologicamente. Mordi o lábio fitando a boca dela e desviando rapidamente os olhos pro meu tênis. Vi ela se levantar pelo canto do olho. Levantei o queixo, olhando naqueles olhos azuis, malditos olhos azuis que me deixavam feito idiota.
C- Vou subir, hm ... vem? Vou te devolver o cigarro.
A- Não precisa, eu ...
C- Faço questão.
Tirou as chaves do bolço e foi me puxando pela mão, suspirei me dando por vencida e entrando no prédio. Aquele silêncio no elevador e nosso 'encontrão' na porta da casa dela ... era tão constrangedor. Sorri lembrando do dia anterior, nem percebi ela estar a meio metro na minha frente. Ela me alcançou o cigarro e claro ... me atrapalhei deixando-o cair. Ela o juntou chegando mais perto, podia sentir a respiração dela na minha boca.
A- Por que isso Che...eeer? (sussurando deolhos fechados)
C- Shiu .
Suas mãos geladas seguraram meu rosto e eu me deixei, me larguei naquele beijo que eu tanto conhecia, naquelas mãos que eu tanto amei nesses anos, sim ... eu nunca deixei de amar.
Muuuuuuuuuuuito bom,continua *-*
ResponderExcluirmuito boa a história, continua logo *-*
ResponderExcluir